Roteiro de 1 dia: O que fazer em Covadonga?

Existe um lugar idílico no mundo onde vacas com sininhos no pescoço, cabras e cavalos passeiam livremente enquanto comem em vastos pastos verdes.

Eu sei, parece muito poético... mas assim são os dois Lagos de Covadonga (o lago Enol e o Ercina, ambos de origem glaciar), situados no meio do Parque Nacional dos Picos da Europa: um dos primeiros parques nacionais da Espanha, fundado em 1918, que cobre uma área de 64,666 hectares e que é considerado pela UNESCO uma Reserva da Biosfera, de grande importância geológica. 

Mas a poesia continua. Já pensou numa igrejinha dentro de uma gruta e uma basílica de cor-de-rosa? 

Pois, no post de hoje eu gostaria de dividir com vocês, caros leitores e viajantes, a nossa experiência nesse lugar incrível chamado ASTURIAS, no Norte da Espanha. Mais precisamente na zona leste desta comunidade autônoma, em Covadonga

Espero que gostem!

Veja mais em: Mochilão na Europa: 30 dias de carro por Espanha e Portugal

# NOSSO MOCHILÃO EM COVADONGA

Partimos de Áviles no nosso dia 25 de viajem (em Outubro) - às 11h da manhã e fomos de carro a caminho dos Lagos de Covadonga e também do Santuário de Covadonga. Em 1h20minutos chegamos ao nosso destino e uma senhora do ponto de informação nos recomendou conhecer primeiramente os lagos e logo o santuário. Então subimos de carro particular durante aproximadamente 12km de recorrido através de uma estrada estreita de mão dupla em plena montanha (a carretera C0-4). 

A estrada tinha tantas curvas e era tão estreita que às vezes não cabiam dois carros ao mesmo tempo, e a sensação era a de que iríamos cair por entre os Picos da Europa, que estão a mais de 1000 metros de altura sob o nível do mar. "Bela maneira de morrer", pensei.

É por esta razão que em temporada alta o aceso está restrito depois das 8:30h da manhã, e a única maneira de chegar é utilizando os serviços de ônibus público (empresa Alsa) ou taxis privados. 

A tanta altitude e em pleno outono, é importante ressaltar também a importância de olhar a previsão do tempo (para evitar o risco de neblina) e de levar um casaquinho, porque nas proximidades dos Picos da Europa o vento pode soprar forte e a depender da hora do dia você pode sentir frio. Também recomendamos uma roupa confortável e uns tênis, já que o terreno é montanhoso e a depender da rota escolhida, você precisará de um bom calçado.

Para os viajantes que decidem subir andando (primeiramente, muita coragem), mensagens como "!Vamos, ya queda poco!" estão escritas a cada tantos kilometros.

Chegando ao nosso destino, a menos de cinco minutos caminhando do lago Enol, havia um estacionamento gratuito, onde deixamos nossa "nave de quatro rodas" com toda nossa vida de mochileiros dentro. Nesta época do ano, apesar do movimento de carros e caravanas, o acesso foi tranquilo e sobravam vagas. 

Eis a nossa primeira parada:

# LAGO ENOL

Um precioso lago, com 750m de longitude, 400 metros de largura e 25 metros de profundidade. Os sinais indicam que o banho não está permitido, e com o friozinho que fazia, banhar-se não era o melhor plano. O que queríamos era passear e disfrutar do dia, sem pressa. 

Desde aquele ponto, mapas de indicações da zona mostravam as diferentes rotas de senderismo possíveis e decidimos por um caminho de menos de duas horas, que passava pelo Mirador Polje de Comeya, pelo Museo Mina de Buferrero e pelo lago Ercina

# MIRADOR POLJE DE COMEYA


Em menos de 30 minutos chegamos ao Mirador Polje de Comeya, de onde era possível disfrutar das vistas dos Llanos de Comeya: uma depressão excavada pelas águas glaciares. Uma das principais características deste local é a vegetação "turbera" presente no fundo dos llanos: um ecossistema característico de ambientes húmedos e frios. 

Ali nos distraímos durante uma hora com uma família de pássaros Chova Piquigualda (da família dos Corvos) que ficaram interessados nas sobras de queijos asturianos do jantar do dia anterior, que levamos para merendar com uns sanduiches. (marmiteiros que somos)














# MUSEO MINA DE BUFERRERO

Caminhando um pouco mais, nos deparamos com uma mina! Até então, eu nunca tinha ouvido falar das Minas de la Buferrera, mas vendo os cartais espalhados pela zona descobri que, o que hoje em dia é um museu ao ar livre em Covadonga, existe na verdade desde finais do século XIX e funcionou até o ano de 1979. 

Na sua época de maior esplendor, contava com até 500 trabalhadores que se dedicavam a obter ferro, manganês (um metal componente do aço inoxidável) e mercúrio. Infelizmente, este lugar se transformou num símbolo do trabalho de alto risco, já que as condições laborais eram precárias. 

Passeando pelos caminhos ao redor das Minas de Buferrera, também chama muito a atenção o aspecto peculiar das colunas de calcário. 


# LAGO ERCINA

E o caminho segue até o Lago Ercina, outro importante lago glacial de Covadonga, com oito hectares de extensão e três metros de profundidade. Assim como o lago Enol, o banho está proibido.

No final do dia, porém antes que escurecesse, as nuvens começaram a baixar e decidimos que era hora de ir-nos. Primeiramente, porque não queríamos descer a montanha em terreno neblinoso, e em segundo lugar porque precisávamos da luz do dia para conhecer a famosa Santa Cueva de Covadonga

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Voltamos a pegar o carro, descemos a carretera C0-4 e logo tomamos as carreteras AS-114 e a AS-262 até o Santuário. Ali estacionamos na rua em um local permitido. E em menos de 20 minutos chegamos a nosso próximo destino:

# SANTA CUEVA DE COVADONGA


Já tinha visto este lugar mágico pela internet, mas nada se compara à beleza de ver um Santuário dentro de uma gruta ao vivo e em cores, com um estanque de água aos pés da montanha. E olhe que nem muito católica eu sou.

A Paróquia é o lugar mais visitado em Asturias (principalmente no âmbito da peregrinação) e um dos símbolos mais representativos da sua história e cultura. Se localiza num município chamado Cangas de Onís, a visita é gratuita e está adaptada à pessoas com mobilidade reduzida. 

Dentro dela você encontrará um altar em homenagem à Virgem de Covadonga (popularmente conhecida como la Santina), e outros dois dedicados a São João Batista e Santo André. A razão pela qual se venera à la Santina é que reza a lenda que foi ela a responsável pela vitória do Rey Pelayo na Batalha de Covadonga. 

Visto isso, e uma vez cruzando a paróquia por dentro da montanha, nos aproximamos a nosso último ponto turístico do dia: a Basílica de Covadonga.

# BASÍLICA DE COVADONGA

Inaugurada em 1901 depois de um grande incêndio, esta Basílica de arquitetura neo-romântica, chama a atenção pela sua beleza devido à sua cor rosada e construção em pedra de calcário. É um importante ponto de peregrinação asturiano, e nas poucas horas que estivemos ali, foi possível ver vários ônibus de turismo que traziam grupos de turistas (na sua maioria idosas).

E assim se acabou nosso dia na zona de Covadonga. Realmente um dos lugares mais mágicos que eu já vi e é impossível não caminhar por lá e não agradecer pelo privilégio de viver isso. 

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